sábado, 27 de setembro de 2008




O Meu Companheiro morreu.
Gastou as sete vidas em sete horas. Em cada uma delas ele resistiu em agonia até que, esgotada a sétima hora ele morreu. Eram 19 horas quando a sua vontade de resistir sucumbiu à agonia . Partiu para o Reino de Bastet às 19horas quando o seu coração silenciou. O meu companheiro era o Tobias. Lindo. Meigo Inteligente. Curioso. Misterioso. Elegante. Idependente. Amigo atento e Brincalhão. Exigente nos mimos e na pescadinha matinal. Súbtil e telepático, retribuia com afectos roronantes. Astuto e ágil caçador quando alguma presa mais distraída lhe estava ao alcance. Dorminhoco, sem sintomas de insónias, entregava-se com frequência nos braços de Morfeu onde certamente sonharia com fantásticas caçadas de borboletas. Afectuoso, quando à noite ia dar uma cochilada nalgum colo a jeito, antes de ir adormecer na sua cadeira preferida. Este leal companheiro repousa agora no Panteão Real do Reino da Deusa Bastet. Lá poderá certamente participar de Caçadas Reais e espreguiçar-se nas areias mornas e douradas deliciando-se com o calor do Sol e as brisas dos bosques. Se as suas caçadas o premiarem com uma oitava vida, tenho a certeza que ele virá procurar-me para a pescadinha da manhã.

Adeus Tobias

4 comentários:

Dayselúcide disse...

Tobias,Doidão ou tutuca ...não importa...O becaninha foi nossa convivência ...Pra você doidão,como homenagem lá vai a musiquinha que eu cantava pra você:

Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram

O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrado na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gatoooo
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

Com muitas saudades,
Dayse

Objectos Inúteis disse...

As recordações querem-se frescas, vivas, onde as nossas vidas existem dentro delas.
Camufladas ou faladas ou gozando do privilégio da abstração, elas, as nossas recordações, vão indo e vindo num prazer constante de caos.
Guardemos, essas que são só nossas, no nosso coração.
Adeus Tobias...
Um grande beijinho para si, Sr. Amorim

Anónimo disse...

Meu bem,
deixo-te aqui toda a minha solidariedade e força!!!
Quero que saibas que estou contigo neste momento sempre difícil,
quando perdemos o bom companheiro e que sabemos a falta que ele nos faz. Mas eu também sei que você tudo fez por ele nestes últimos anos, afinal compartilhamos juntos algumas travessuras desse doidão. Não vivas na mágoa recorda-o como partilhador dos bons momentos da vossa vida . E sabes que os verdadeiros amigos estão aí para quando precisares ( já o demonstraram). A perda de um ente querido é algo que, por muito que nos preparemos para esse facto, cria em nós um sentimento de perda que nos esvazia a alma. Sentimento este que tenho provado, bem o sabes. Não acho que teu companheiro esteja em algum panteão mitológico de deusas egípcias ( não combinava com ele), mas creio isto sim, que esteja ele a passear pelos campos floridos da nossa saudade gostasa ao lado de São Francisco de Assis.( Bjs, Dayse)

27 de Setembro de 2008 22:29

Anónimo disse...

Caríssimo,
Não soube deixar uma palavra no blogue (creio que é assim que se chama) e por essa razão estas outras palavras diferentes (ou inesperadas porque noutro território), mas dizer da comoção que deixou em mim essa tua escrita de respiração contida. Há animais que mesmo além da sua vida permanecem na memória de alguns homens. São ou foram seres vivos. A humanidade jamais a isso se apegou, porém. O teu gato era a casa onírica que carregas, e as lápides que criaste dizem dessa atmosfera.
Obrigado por desmesurado retrato que deixaste no que li, quando os dias são movidos pelo sarro exterior que nos inunda e insensibiliza.
Um abraço, Ivo M.